Berço eleitoral de coronel Nunes, federação do Pará enfrenta denúncia de fraude em aprovação de contas

Sucessão de substituto de coronel Nunes enfrenta ações na Justiça. Adélcio Torres é acusado de ter fraudado assinatura de associado para aprovar contas

Em meio à crise política da CBF, Antônio Carlos Nunes, o coronel Nunes, vice mais velho da entidade, enfrenta outra batalha no seu estado. As eleições para a Federação de Futebol do Pará viraram caso de Justiça. No momento, há pelo menos três processos que questionam a continuidade do atual presidente, Adélcio Torres.  

Uma das ações envolve as contas da entidade. O dirigente, que é apadrinhado pelo coronel a quem sucedeu em 2016 quando este assumiu interinamente a CBF após o afastamento de Marco Polo Del Nero, está sendo acusado de fraudar a assembleia que aprovou o balanço contábil da entidade em 2020. Entre as afirmações feitas nos autos, a de que ele enganou o presidente de um clube fazendo-o assinar uma lista de presença para recebimento de uma licença de funcionamento, quando na verdade estava atestando que concordava com a aprovação das contas da federação.

Eu assinei uma lista de presença de um dia em que estive na federação para receber uma licença do clube e quando vi ele tinha anexado a minha assinatura à aprovação das contas. Se fosse para aprovar qualquer conta, eu pediria todos os documentos, iria analisar tudo. Faria questão de analisar folha por folha. Quem me conhece sabe o quanto eu sou chato com isso, quanto sou correto”, disse ao blog Ronaldo Carvalho, presidente do Sport Real, clube da segunda divisão do Pará.

Contas aprovadas com quatro assinaturas

A assinatura dele é uma das quatro que constam da suposta aprovação das contas. De um total de cerca de 180 clubes filiados, apenas estas quatro teriam comparecido, de acordo com documentos juntados aos autos pela federação.

Ao saber que sua assinatura constava do documento, Ronaldo registrou queixa contra a federação na Polícia e no Ministério Público do Pará.

A Justiça já intimou a federação a dar explicações, além de entregar provas de que teria convocado uma assembleia nos moldes exigidos (edital com ampla divulgação entre os associados). Mas a federação ainda não respondeu.

Verba pública

A gravidade da discussão sobre a fiscalização das contas da entidade é maior porque a federação do Pará recebe volumosas quantias de verba pública, entre elas, do Banpará. Consta do balanço da entidade que, em 2020, o banco do estado custeou a logística e outras despesas dos campeonatos promovidos. Além destes gastos, o Banpará, por meio da federação, repassou a quatro clubes (Paysandu, Remo, Bragantino e Independente), um total de R$ 2,4 milhões.

Em novembro do ano passado, faltando um mês para o fim do mandato atual, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer, aprovou convênio para o repasse de R$ 1,4 milhão para a Federação.

Eleições

O mandato de Adélcio Torres terminou em dezembro do ano passado, mas por estar em meio aos processos que questionam a eleição, a Justiça suspendeu o pleito. Diante da suspensão, a CBF foi consultada pela federação e entendeu que no caso de vacância do cargo, sem que uma nova eleição seja feita, a atual chapa continua presidindo a entidade.

O blog procurou Adélcio Torres para que ele se manifestasse, mas ele não retornou.

Retirado do Blog de Gabi Moreira @gabi_moreira

Adélcio Torres, sucessor e apadrinhado político de Antônio Carlos Nunes, o coronel Nunes — Foto: Ascom/FPF

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