Técnico anuncia despedida após a vitória do Brasil sobre a Itália no Pré-Olímpico, no Maracanãzinho, que carimbou a participação da Seleção nos Jogos de Paris, em 2024
Renan Dal Zotto não é mais técnico da seleção brasileira. Neste domingo, após a vitória sobre a Itália, por 3 sets a 2, no Maracanãzinho, ele anunciou que não completará o ciclo para os Jogos de Paris, no ano que vem. Renan chegou ao Pré-Olímpico pressionado por conta dos maus resultados na Liga das Nações e na perda do Sul-Americano. No fim, porém, garantiu o principal objetivo da temporada ao levar uma das vagas para as Olimpíadas do ano que vem.
Renan comunicou a decisão de deixar a seleção na noite de sábado. No hotel onde a equipe está hospedada, no Rio de Janeiro, conversou com Radamés Lattari, presidente da CBV, e anunciou que não comandaria mais a equipe, independentemente do resultado da partida contra a Itália. Jogadores e comissão técnica não foram avisados. O técnico temia que o anúncio atrapalhasse a concentração antes do jogo.
– Eu tomei uma decisão essa semana, falei com a minha esposa. É hora de dar uma pausa. Decisão familiar, vou me afastar da seleção brasileira, mas não do vôlei. Uma orientação médica também por tudo o que passei em 2021. Os jogadores não sabem, a comissão técnica não sabe, vou conversar com eles agora no vestiário. Me afasto da seleção, mas não do vôlei, que é a minha vida, onde estou há 50 anos – declarou o comandante, depois do confronto.
O novo treinador ainda será anunciado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Bernardinho, atual coordenador de seleções, é o nome mais forte para voltar ao comando da seleção. O presidente da entidade, Radamés Lattari, no entanto, despistou.
– É um irmão que eu tenho dentro do vôlei. Está acima de qualquer outra coisa. A única coisa que eu não quero é que ele abandone a CBV. A CBV precisa dele, por tudo o que ele já fez pela seleção. A seleção só se reúne daqui a algum tempo. Vamos pensar com calma. Agora, o que a gente precisa, é exaltar o que ele fez. Qualquer um que viesse depois do Bernardo, seria difícil. Em uma pandemia, seria difícil. Daqui a alguns dias, vamos pensar com calma. O Brasil tem vários bons técnicos. E o Bernardo é um deles. Vamos pensar com calma – disse.
Após a vitória sobre a Itália, Renan foi direto no setor onde a mulher, Annalisa Blando, estava. Beijou e abraçou a esposa por um longo período, com os olhos cheios de lágrimas. Ainda em quadra, foi questionado por Radamés se a decisão se manteria mesmo após a vitória. Disse que sim. Depois, confirmou publicamente a decisão em entrevista à TV Globo.
Os jogadores passaram pela área de entrevistas sem saber da decisão do técnico. Capitão da equipe, Bruninho foi avisado por Radamés ao pé do ouvido, enquanto Renan ainda falava com a imprensa.
– Não consigo nem pensar nisso nesse momento, cara. Você vem com uma notícia dessas, que pega a gente de surpresa. Eu não sei o que ele está alegando. O Renan é um cara muito importante para nós, sempre foi um cara que nos momentos mais difíceis esteve junto, deu a mão. Ele tem essa liderança de uma maneira diferente do que era meu pai e outros treinadores. É um cara aberto, escuta demais, dá força ao time. Isso foi fundamental nessa semana. A gente sabe o que ele passou antes das Olimpíadas de Tóquio. É um grande guerreiro. Devo muito ao que ele faz no dia a dia. Quero que ele esteja bem, esse é o mais importante, seja aonde for. É o que a gente deseja a ele – disse.
Renan assumiu a seleção em 2017, após o adeus de Bernardinho à equipe. Desde então, acumulou bons e maus momentos. No início, conquistou a Copa dos Campeões, em 2017, e a Copa dos Campeões, em 2019. Depois, na Liga das Nações de 2021, o técnico não estava no banco. À época, ele ainda se recuperava da infecção por Covid, que o deixou 36 dias internado em um hospital no Rio de Janeiro. Carlos Schwanke foi o treinador na campanha.
O técnico teve uma longa e vitoriosa carreira como jogador. Considerado um dos ponteiros mais talentosos da história, foi um dos destaques da Geração de Prata do vôlei brasileiro. No currículo, também tem um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Caracas, em 1987.
Retirado do Globoesporte.com
Renan Dal Zotto se emociona após a conquista da vaga olímpica — Foto: Marcelo de Jesus