Polícia prende marido de estrela olímpica do Quênia morta em casa

Recordista mundial, Agnes Tirop completaria 26 anos na próxima semana; companheiro foi localizado pela polícia enquanto tentava fugir do país

A polícia do Quênia prendeu nesta quinta-feira o marido da atleta Agnes Jebet Tirop, encontrada morta com sinais de facadas dentro da própria casa, na cidade de Iten, a cerca de 350 km da capital, Nairóbi. O caso teria ocorrido há três dias. Desde então, Emmanuel Rotich estava desaparecido. De acordo com a imprensa local, ele foi localizado na cidade costeira de Mombaça enquanto tentava fugir do país. A polícia já havia pedido que ele se entregasse. Considerada uma da maiores joias do atletismo queniano, a recordista mundial completaria 26 anos no próximo dia 23.

A corredora foi encontrada já sem vida em casa com um ferimento no pescoço na terça-feira pelos vizinhos, que relataram ter escutado uma discussão na noite anterior. No dia seguinte, a morte foi confirmada pela Federação Queniana de Atletismo. Até então desaparecido, o marido da atleta era considerado o principal suspeito pelos policiais, que coletaram imagens de câmeras de segurança e outros itens para analisar e contribuir na comprovação do crime. Ainda segundo a imprensa local, o rapaz chegou a bater o carro que conduzia durante a fuga, e teria ligado para os pais da vítima pedindo desculpas.

Atleta bateu recorde mundial há um mês

Um dos destaques do Quênia no último ciclo olímpico, Agnes Jebet Tirop foi bronze nos 10.000m do Mundial de 2019 e quarta colocada dos 5.000m nas Olimpíadas de Tóquio. Há exatamente um mês, ela bateu o recorde mundial dos 10km em provas de rua, em competição disputada em Herzogenaurach, na região da Baviera, na Alemanha.

Comoção global

O assassinato de Agnes Tirop chocou o mundo do esporte e mobilizou as autoridades do Quênia. Depois da confirmação da morte pela Federação Queniana de Atletismo, o presidente do país, Uhuru Kenyatta, lamentou o crime e pediu prioridade para as autoridades nacionais na investigação do caso.

– É perturbador, totalmente lamentável e muito triste termos perdido uma jovem e promissora atleta que, com uma idade de 25 anos, trouxe ao nosso país tanta glória com suas façanhas no cenário global do atletismo, inclusive neste ano, nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, onde ela fez parte da equipe queniana no Japão – declarou o presidente, que cobrou prioridade na elucidação do caso.

 É ainda mais doloroso que Agnes, uma heroína queniana em todos os sentidos, tenha perdido dolorosamente a jovem vida por meio de um ato criminoso, cometido por pessoas egoístas e covardes. Aconselho nossas agências de aplicação da lei lideradas pelo Serviço de Polícia Nacional a rastrear e prender os criminosos responsáveis pelo assassinato de Agnes para que possam enfrentar com força total a lei.

A Federação Queniana de Atletismo também lamentou a perda e classificou a atleta como uma das joias do esporte.

– O Quênia perdeu uma joia que era uma das gigantes do atletismo em ascensão mais rápida no cenário internacional. Ficamos muito perturbados ao saber sobre a morte prematura da medalhista de bronze mundial dos 10.000 metros, Agnes Jebet Tirop.

Fora do Quênia, diversas autoridades também prestaram homenagens e lamentaram a morte da corredora. Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach enalteceu o desempenho da atleta na última edição das Olimpíadas.

– Estou profundamente chocado com a trágica morte de Agnes Tirop, uma jovem e brilhante talento. Suas atuações nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 deram esperança e inspiração para tantas pessoas. Meus pensamentos vão para a comunidade olímpica do Quênia e especialmente para seus amigos e família.

Agnes Jebet Tirop — Foto: REUTERS/Ibraheem Al Omari

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