Atacante volta a falar sobre o ato racista que sofreu na partida contra o Cerro Porteño, na última quinta, pela Libertadores sub-20: “No momento ali subiu um ódio na cabeça”
O atacante Luighi, do Palmeiras, foi alvo de uma ofensa racista por parte de um torcedor do Cerro Porteño, na última quinta-feira, durante duelo válido pela Conmebol Libertadores sub-20, nesta quinta-feira, no Paraguai.
Após o forte desabafo após o jogo, ele voltou a falar sobre a luta contra o racismo, nesta sexta:
– Não sei o que falar. No momento ali subiu um ódio na cabeça, até porque tinha muitos policias do lado e isso que me deixou mais bravo, por eles não terem feito nada. Até fui lá neles. Mas fica o aprendizado. Na hora ali a gente fica bravo, perde a cabeça, mas tem pessoas assim desse tipo no mundo. Até quando a gente vai viver isso? – afirmou Luighi em vídeo publicado pelo clube.
– O recado que eu mandaria é para as pessoas que fazem esse tipo de racismo, que parem. Porque você não está no corpo da pessoa que sofreu racismo. As vezes você fala, mas não sente que a pessoa transmite. É uma dor que eu peço para que poucas pessoas sofram, nenhuma na verdade. Mas muitas pessoas assim no mundo e até quando vai existir pessoas assim? E até quando o futebol vai admitir isso? – acrescentou.
O torcedor imitou um macaco na direção do jogador, que se revoltou, deixou o campo chorando e desabafou em entrevista depois da partida, quando foi questionado por um repórter sobre como foi o jogo. Ele também sofreu uma cusparada enquanto se dirigia ao banco de reservas.
– Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?
– Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender – disse Luighi.
As falas de Luighi desencadearam uma série de medidas do Palmeiras e da CBF. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, a presidente Leila Pereira afirmou que pedirá a exclusão do Cerro Porteño da competição e que tomará todas as medidas para que os responsáveis seja punido.
A CBF também enviou um pedido à Conmebol para a exclusão do time paraguaio, e o presidente Ednaldo Rodrigues acrescentou:
– O que a gente espera da Conmebol é rigor. Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas. O futebol deve ser espaço de igualdade e respeito. Por isso, a punição do Cerro Porteño e dos envolvidos não é apenas uma necessidade jurídica, mas uma obrigação moral e institucional, para que o combate ao racismo deixe de ser um discurso vazio e passe a ser uma realidade concreta.
Retirado do Globoesporte.com
— Foto: Reprodução