Atletas e familiares chegaram por São Paulo e Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira; ex-Corinthians, Maycon lamenta situação no país: “A Ucrânia esta sofrendo muito”
Finalmente em casa. Jogadores e profissionais brasileiros do Shakhtar Donetsk e do Dínamo de Kiev, da Ucrânia, começaram a desembarcar no Brasil na manhã desta terça-feira depois de conseguirem fugir do país, em guerra com a Rússia desde a semana passada. Familiares deles também conseguiram escapar.
O primeiro a chegar, via Aeroporto Internacional de Guarulhos, foi o volante Maycon, ex-Corinthians e que atua no Shakhtar. Ao lado da esposa Lyarah Vojnovic e do filho pequeno, o jogador, que pegou um voo de Frankfurt depois de deixar a Romênia, não escondeu a emoção por voltar ao Brasil.
– Numa palavra não daria para definir esses últimos dias. Foi uma mistura de sentimentos, de terror, de medo. Depois uma sensação de alívio, de gratificação por poder sair e com todos bem – afirmou Maycon, que estava há quatro anos no futebol ucraniano e disse ter ficado surpreso com a guerra.
– (A invasão russa) Pegou um pouco a gente de surpresa. Sabíamos do risco, mas tínhamos diversas informações e não acreditávamos que seria daquela forma. Maior tristeza foi porque tinha esposa, filho, pai e mãe comigo e não queria que eles passassem por isso. Mas graças a Deus saímos todos juntos.
Perguntado se pensa em voltar à Ucrânia quando (e se) o conflito encerrar, Maycon afirmou:
– Ainda não parei para pensar nisso. Eu só pensava em ir embora dali. A Ucrânia esta sofrendo muito e fico realmente muito triste por isso. Temos grandes amigos por lá, sentimos muito por eles e torço para que tudo se resolva.
Quem também desembarcou em São Paulo foi o lateral Dodô, ex-Coritiba, assim como Pedrinho, outro ex-Timão, e Luciano Rosa, preparador físico brasileiro do Shakhtar. Todos vindo da França. No Rio de Janeiro, desembarcou o zagueiro Marlon, ex-Fluminense. E todos, obviamente, bastante emocionados.
– A gente ficou com muito medo porque era uma situação que a gente não esperava. Mas agora é gratidão (por estarmos de volta) – contou Dodô, que tem contrato até 2025 com o Shahktar.
– Agora não é momento de falar sobre isso. Só quero curtir minha família. E torcer para Ucrânia porque é um país que amo. O resto deixo com meus empresário, pois acabo de sair de uma guerra e não é hora de pensar em futebol – disse Dodô, ao ser perguntado se pensa em voltar ao clube ucraniano.
Mais outros brasileiros, como o volante Fernando, chegaram em um voo vindo da França ainda nesta manhã. Naturalizado ucraniano, o atacante Junior Moraes continuou em Paris.
Entenda o drama dos brasileiros
Desde que a Rússia iniciou o ataque militar à Ucrânia, os jogadores brasileiros se uniram para tentar deixar o país. No último domingo, finalmente, alguns deles conseguiram deixar a Ucrânia. Junto com seus familiares, eles pegaram um trem da capital até a cidade de Chernivtsi, no oeste ucraniano.
De lá, pegaram num ônibus até a Moldávia, onde se dividiram. Alguns ficaram no país e outros foram para Romênia, mas todos com o mesmo objetivo: pegar voos de volta ao Brasil.
Os atletas do Shakhtar e Dínamo viajaram juntos de trem, em solução proposta pelo Itamaraty, que colocou uma estação em Kiev como ponto de partida e sem a necessidade de comprar bilhetes. No entanto, quem deu toda a segurança de escolta até a estação foi a Uefa, junto com a Federação Ucraniana de Futebol. Ambas também ajudarão os atletas no retorno ao Brasil.
Retirado do Globoesporte.com
Brasileiros na Ucrânia pediram ajuda para deixar o país após invasão russa — Foto: reprodução/vídeo