Falsa médica cobrava até R$ 800 para prestar atendimento em jogos da última divisão de SP

Mulher de 44 anos realizava procedimentos sem formação em jogos do Amparo

Uma falsa médica presa em Campinas na última segunda-feira chegou a atuar em jogos da Segundona Paulista – equivalente à quarta e última divisão estadual em São Paulo.

Simone Martins Ferreira, que é formada em farmácia, estava credenciada na Federação Paulista de Futebol (FPF) como integrante da comissão técnica do Amparo Athlético Club.

Ela cobrava R$ 700 pela presença em jogos na cidade e R$ 800 quando a partida era em outro município. Simone ainda estabeleceu preços de R$ 70 para um exame de eletrocardiograma e de R$ 50 para conceder atestados.

O presidente do Amparo, Luciano Antonacci, detalhou os serviços prestados pela falsa médica no período em que ela integrou o DM do clube, incluindo presença em jogos, exames e atestados.

– Toda equipe tem que ter no mínimo, quando joga em casa, dois médicos. Um na ambulância, que a gente contrata a empresa de ambulância e já vem com médico, e o nosso médico no banco de reservas. Quando a gente joga fora a gente também precisa levar um médico, então ela prestava esses serviços.

 Ela atuou no clube desde março deste ano, onde fez exames em atletas, acompanhou a equipe em alguns jogos. Eu como presidente sou responsável e estou à disposição da Polícia Civil para banir essas pessoas dos nossos meios e esclarecer também que o Amparo foi vítima – acrescentou o dirigente.

A mulher de 44 anos passou por audiência de custódia na terça-feira e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. As informações foram obtidas com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo.

O contrato com ela foi encerrado depois que a equipe perdeu uma partida do Campeonato Paulista Sub-15 por W.O – quando acontece a ausência de uma das equipes – por conta do atraso da falsa médica.

De acordo com o clube, os gastos com Simone chegaram a R$ 20 mil, além da multa da Federação Paulista de Futebol em R$ 5 mil pelo W.O.

CONFIRA A NOTA DO AMPARO:

O AMPARO ATHLETICO CLUB, da cidade de AMPARO/SP, na pessoa de seu Presidente Luciano Antonacci , surpreso e estarrecido com as notícias veiculadas pela mídia jornalística e televisiva da cidade de Campinas/SP, vem a público esclarecer que foi vítima e agente passivo dos atos caracterizadores dos crimes de estelionato, falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina praticados pela falsa médica.

Dra. Simone de Abreu Neves Salles, portadora de identidade também falsa com número de CRM 413855 RJ , se apresentou como profissional da área médica para atendimento das demandas do clube em seus elencos das categorias de base e profissional , enganando e iludindo a boa fé tanto da Presidência e Diretoria dessa agremiação desportiva quanto às pessoas que fazem a gestão do Departamento de Futebol e empresa parceira Gênios da Bola Sport Center Ltda .

O clube aduz que após apuradas todas as práticas delitivas da falsa médica antes indicada que envolveram além de outras pessoas e também esta agremiação , e após o curso da responsabilização de natureza criminal pelos órgãos competentes, tomará as providências cabíveis de natureza administrativa e cível para reparação dos danos causados pela prática delitiva trazida a conhecimento através da pessoa antes mencionada, cumprindo os devidos fins de Direito e no resgate do bom nome desta agremiação desportiva.

Entenda o caso

Simone Martins Ferreira utilizava, há pelo menos dois anos, o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) da médica dermatologista Simone de Abreu Neves Salles, que é professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). A mulher chegou a ser presa por resistência em agosto de 2022 durante um cumprimento mandado de busca e apreensão, mas pagou fiança e foi liberada.

A falsa médica fazia atendimento a domicílio na região de Campinas e prescrevia exames e remédios. Ela chegava a cobrar entre R$ 300 e R$ 400 por consulta.

Além destes serviços, ela também era contratada de uma empresa do ramo de saúde ocupacional desde 2020, durante a pandemia da Covid-19. Foi a própria companhia que identificou uma inconformidade no contrato e alertou o Conselho Regional de Medicina (Cremesp).

A mulher foi indiciada pelos crimes de falsidade ideológica, estelionato tentado e exercício ilegal da medicina. Ela foi transferida para a Cadeia Pública de Paulínia.

Retirado do Globoesporte.com

Simone Martins Ferreira em ação como médica do time de Amparo (SP) — Foto: Tiago Stoco

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