O presidente do Paysandu, Luis Omar Pinheiro, ainda não veio a público falar da derrota por 3 a 2 sofrida pelo clube no último domingo (17), para o Salgueiro (PE), que eliminou o Papão do Campeonato Brasileiro da Série C e da chance de voltar a Série B. O mandatário havia marcado uma coletiva de imprensa para a manhã desta terça-feira (19), mas acabou desmarcando por problemas de saúde. Contudo, na página oficial do bicolor ), Pinheiro escreveu uma nota falando da eliminação do Papa Títulos do Norte.
Leia, na íntegra, as palavras de Luis Omar.
O dia 17 de outubro ficará marcado, tenho certeza disso, como um dos dias mais tristes da minha existência. O gigantismo dessa dor só perde para o dia em que, por vontade de Deus e pela lei da vida, aconteceu o falecimento do meu pai Enéas Pinheiro. Nesse caso perdi para a vontade divina, com seus mistérios e segredos. Com relação ao jogo de domingo perdi, infelizmente, para uma grande parte dos jogadores que não souberam ou não quiseram honrar a camisa do nosso glorioso Paysandu.
Como presidente do clube, tenho a consciência tranqüila que fiz tudo que estava ao meu alcance para tornar aquela manhã de domingo um céu azul e branco de alegrias para a fiel torcida do nosso clube. Nada, absolutamente nada, deixei faltar ao elenco bicolor. Todo o apoio possível e impossível foi realizado em favor do elenco. Salários pagos rigorosamente em dia e até problemas de ordem familiar, eu e minha diretoria, estávamos juntos para resolver, dar soluções, visando que nada afetasse a conduta dessas atletas em campo e queríamos como resposta, como agradecimento ao nosso trabalho, era que eles dessem para nossa torcida o único presente que ela pedia e merecia naquela manhã: o acesso à Série B.
Infelizmente, para uma grande parte desses jogadores, o poder invencível do dinheiro parecia falar mais alto que suas obrigações profissionais. Desde o momento que nosso acesso começou a ficar muito próximo, parte do elenco nos passava a impressão que só respirava e pensava em quanto ficaria o valor exato da premiação. A paixão pela camisa de tantas glórias do Paysandu, parecia nada representar para alguns. A ânsia pelo premio parecia mais importante e este pensamente rasteiro e traiçoeiro acabou sendo maior que a vontade de ganhar o jogo. É a única explicação que podemos achar para a atuação apática de alguns jogadores. Enquanto nosso adversário jogava, alguns dos nossos, que agora tão bem os conhecemos, praticamente andaram em campo, perdidos que estavam em seus pensamentos rasteiros, querendo o valor exato da premiação, quando ainda nem sabíamos o valor real das despesas do jogo.
Esqueceram em suas vaidades pessoais que precisavam, antes, derramar o suor dos justos e dos honestos para conquistarem a glória para o clube e receberem a premiação prometida. Desviaram seu foco do jogo e deixaram de comer grama, com a vontade de quem mata a fome, para vencer a partida de domingo. Essa era a obrigação deles. Alguns fizeram isso e merecem nosso reconhecimento. Infelizmente, o que deveria ser uma obrigação de todos, parou no esforço de poucos. Um triste exemplo foi dado domingo. Ficaremos mais atentos, ainda, a partir de agora, para que o triste figurino moral que alguns jogadores deixaram tatuado no gramado de tantas vitórias do nosso estádio, jamais se repita, jamais seja copiado. Palavra de homem. Palavra de Presidente.
Pedimos sinceras desculpas aos nossos apaixonados torcedores. Pela derrota. Por não termos conseguido realizar, este ano, os seus grandes sonhos. Pedimos desculpas pelo prejuízo moral que sofremos. Lamentamos pelo prejuízo financeiro que sofremos, pois, por mais um ano, teremos que caminhar no chão de brasas do inferno que é a Série C. Pedimos desculpas aos nossos patrocinadores que acreditaram no nosso sucesso e que já tinham acenado com novos investimentos no clube para o ano que vem, caso conseguíssemos o nosso acesso. Como a torcida, também fomos apanhados de surpresas por esse tipo postura. É impossível se mudar tantos soldados no meio de uma batalha final. Aprendemos a lição. Reavaliaremos nosso conceitos de premiações. Mudaremos muita coisa, que descobrimos, infelizmente, praticamente no meio da manhã de domingo.
Assim como milhares de torcedores, a quantidade de lágrimas que já chorei pela dor da derrota dava para formar o mais extenso dos oceanos. Passados dois dias dessa grande decepção, ainda estou com meu coração e minha alma retalhados pelos golpes sofridos, mas tentarei ser forte o suficiente para, com a ajuda de Deus, realizar e recompensar o sonho, por enquanto escondido em seus corações, dos nossos fieis e apaixonados torcedores.
Buscarei forças que virão de todos os céus e nessa hora penso no grande Imperador Júlio César que levou quase trinta anos para conquistar seus objetivos e eu estou somente há dois anos e oito meses tentando realizar o anseio dos que amam o Paysandu. Como não preciso de tanto tempo assim, tenho a fortaleza de dizer que não vou desistir e que no ano que vem conseguiremos a glória de realizarmos todos os nossos mais audaciosos e ousados projetos e esperamos que todos aqueles que irão lutar, junto comigo, pelo Paysandu, sejam grandes ou maiores que os nossos sonhos.”
Luiz Omar Pinheiro
Futebol do Norte