Irritados com cenário, dirigentes da Libra e LFU articulam ação conjunta para decidir rumo em pleito. Possível candidato de Roraima faz aceno aos times e sugere mudança de data
Irritados por se considerarem ignorados no processo de construção de uma candidatura à presidência da CBF, dirigentes de clubes da Libra e da LFU (Liga Forte Futebol) se reuniram na manhã deste sábado. Eles debateram o processo desencadeado com a queda de Ednaldo Rodrigues. No início da tarde, eles divulgaram uma nota em que 32 declararam apoio a Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de futebol.
Durante a reunião, foi lembrado que Samir Xaud, um dos potenciais candidatos ao pleito, não procurou os clubes para buscar uma união, diferentemente do que ocorreu com Reinaldo. Xaud, de 41 anos, é o presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol e conta com apoio da maioria das federações. O roraimense enfrenta rejeição de clubes, principalmente da Série A, por vir de federação com pequena relevância no cenário nacional do futebol.
Dos 40 times das Séries A e B, oito não assinaram a nota de apoio a Reinaldo Carneiro Bastos: Grêmio, Palmeiras, Volta Redonda, Paysandu e Remo, no bloco da Libra, e Botafogo, Vasco e Athletic, pela LFU.
A nota dos clubes foi divulgada nas redes sociais da LFU. O texto reforça que “falta liderança, falta decisão, falta transparência, falta respeito” e “falta protagonismo dos Clubes” no futebol brasileiro. O comunicado reitera que os blocos estão unidos na intenção de criar uma liga e, portanto, definem apoio ao candidato paulista.
Assinam a nota de apoio a Reinaldo Carneiro Bastos os seguintes clubes:
- Da Série A: Atlético-MG, Bahia, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Juventude, Mirassol, Bragantino, Santos, São Paulo, Sport, Vitória
- Da Série B: Amazonas, América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, Coritiba, CRB, Cuiabá, Ferroviária, Goiás, Novorizontino, Operário-PR, Vila Nova
O Palmeiras não apareceu na reunião deste sábado. No encontro virtual, o Volta Redonda chegou a dizer que é grato a Rubens Lopes, presidente da Federação Carioca, e que precisaria alinhar com o dirigente da Ferj para definir o voto.
Um representante do Botafogo causou um pequeno constrangimento ao reclamar que os grupos não deram tempo para que o debate fosse feito de forma ampliada. No entanto, quem marcou a eleição para o dia 25 de maio foi o interventor Fernando Sarney.
Sarney deu prazo até o dia 20 para inscrição das chapas. Mas as datas devem alterar. Samir Xaud fez um contato inicial aos clubes e solicitou à CBF a mudança da eleição do dia 25, domingo, para segunda, dia 26. Seria no mesmo dia da apresentação de Carlo Ancelotti, novo técnico da Seleção. O interventor deve aceitar o pedido, mas vai estudar a melhor opção. Com isso, a chegada do treinador italiano deve ficar para depois.
A corrida pelas candidaturas começou instantaneamente. Um grupo de 19 federações, que lançou um manifesto horas depois da destituição do então presidente, se articula pelo nome do presidente eleito da federação de Roraima, Samir Xaud. Com a rejeição dos clubes, há possibilidade de mudanças.
Em outro lado, o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, se lançou candidato neste sábado pela manhã. Há conversas por uma terceira via, de consenso, cujo nome citado é o de Luciano Hocsman, do Rio Grande do Sul. Mas nem mesmo Fernando Sarney, interventor, está descartado.
Para registrar uma chapa nas eleições à presidência da CBF, um candidato deve ter apoio de oito federações e cinco clubes
Os pesos dos votos nas eleições da CBF:
- Votos das 27 federações: peso 3
- Votos dos clubes da Série A: peso 2
- Votos dos clubes da Série B: peso 1
A movimentação quase que exclusiva de federações gerou insatisfação entre os clubes – na eleição da CBF, equipes das Série A e B têm direito a voto, com peso dois para os primeiros, e peso um para os segundos.
– Nada contra pessoas ou Federações, mas lançar candidatos sem ouvir os clubes é o maior desrespeito ao torcedor brasileiro e a sociedade como um todo. Não podemos ser esquecidos ou nos omitirmos. Em respeito ao futebol brasileiro, toda a sua história, e ao povo que tanto ama o esporte, precisamos ter calma para avaliar e tomar as decisões corretas neste processo – afirmou ao ge o presidente do São Paulo, Julio Casares.
Na sexta, durante evento no Fluminense, outros dirigentes também fizeram críticas.
— Vemos com muita perplexidade isso. A partir de uma decisão judicial se desencadeia todo um processo acelerado, sem nenhuma condição de debate e de realmente poder se construir algo sólido para o futuro da CBF. Há de se ter uma capacidade grande dos clubes de se reorganizarem. Pensar como vão conseguir ser protagonistas desse processo. Marca uma eleição em quatro dias, num domingo em que vamos ter rodada do Campeonato Brasileiro. É algo surreal e nos preocupa — disse Alessandro Barcellos, presidente do Internacional.
Retirado do Globoesporte.com
Foto: Staff Images/CBF