Ednaldo Rodrigues desiste de reassumir a presidência da CBF e deseja sorte ao sucessor

Presidente destituído da entidade tentava, por meio de um recurso no STF, voltar ao cargo depois de ser afastado por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

O presidente destituído da CBF, Ednaldo Rodrigues, apresentou petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira desistindo de tentar voltar ao cargo. Ednaldo foi afastado do poder na última semana, após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

No texto apresentado pela defesa de Ednaldo, o ex-presidente da CBF afirmou que os últimos acontecimentos, como o afastamento dele, motivado por suspeitas de falsificação de uma assinatura em um acordo entre a CBF e opositores de Ednaldo, “afetaram sua vida familiar”, e encerrou o texto desejando sorte a seu sucessor no comando da entidade.

— Este gesto, sereno e consciente, representa o esforço do Peticionário em deixar para trás este último ato do litígio, rejeitar narrativas que ferem sua honra e de sua família, e reafirmar, diante dessa Suprema Corte, como sempre fez, seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol (…) (Ednaldo) Declara que, em relação às novas eleições convocadas pelo interventor, não estar concorrendo a qualquer cargo ou apoiando qualquer candidato, desejando sucesso e boa sorte àqueles que vão assumir a gestão do futebol brasileiro — afirmou Ednaldo.

A manifestação do presidente afastado encerra uma recente guerra judicial entre ele e opositores. Em dezembro de 2023, Ednaldo Rodrigues havia sido afastado da presidência da CBF por decisão judicial, que encontrou irregularidades na eleição que o elegeu, realizada em 2022. Ele retornou ao cargo cerca de um mês depois, em janeiro de 2024, graças a uma liminar do STF, que o reconduziu ao posto sob a alegação de que o Brasil poderia ser punido esportivamente caso a CBF estivesse sob o comando de uma chapa não reconhecida pela Fifa e pela Conmebol.

A liminar de Gilmar Mendes foi proferida em um processo mais abrangente, que julga a legitimidade do Ministério Público de celebrar acordos com entidades esportivas. Este processo atingiu diretamente a CBF, uma vez que a entidade promoveu mudanças no estatuto por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), celebrado junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro.

Um acordo entre opositores e Ednaldo foi homologado pelo STF em fevereiro deste ano. No texto, as partes se comprometiam a encerrar qualquer disputa jurídica sobre o pleito de 2022. O acordo, entretanto, voltou a ser tema de discussão depois que uma denúncia de falsificação da assinatura do Coronel Nunes, ex-presidente da CBF e um dos signatários do acordo, foi apresentada.

Depois da denúncia, a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil/RJ) e o vice-presidente da CBF, Fernando Sarney, apresentaram pedidos de afastamento de Ednaldo da presidência da CBF. Em um primeiro momento, o ministro Gilmar Mendes, relator do processo envolvendo os acordos entre Ministério Público e entidades esportivas, negou os pedidos.

Ele, porém, determinou uma investigação detalhada sobre a denúncia de falsificação da assinatura do Coronel Nunes. O ex-presidente foi intimado para uma audiência, que teria como finalidade atestar a real condição cognitiva dele, uma vez que ele enfrenta um câncer no cérebro e, de acordo com laudo recente, tem sofrido perdas nesse sentido. Alegando questões de saúde, o Coronel Nunes não compareceu à audiência nem mesmo por videoconferência, o que abriu espaço para um novo afastamento de Ednaldo da presidência da CBF.

O futuro da entidade
Nomeado interventor da CBF após a decisão do TJ-RJ, o vice-presidente Fernando Sarney marcou as novas eleições presidenciais da entidade para o dia 25 deste mês. O pleito terá apenas um candidato, Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol, que se reuniu nesta segunda-feira com a Comissão Nacional de Clubes. O mandato de Xaud à frente do futebol de Roraima só seria iniciado em 2027.

Em meio aos bastidores em ebulição, a CBF anunciou a contratação do técnico Carlo Ancelotti, substituto de Dorival Júnior, que não resistiu aos maus resultados. O treinador deixou claro que o momento atravessado pela entidade fora de campo não seria um impeditivo para que ele assumisse o comando da Seleção Brasileira, e que o contrato dele era com a CBF e não com Ednaldo Rodrigues.

O treinador italiano inicia os trabalhos na próxima segunda-feira, quando faz a primeira convocação à frente da Seleção Brasileira. Ancelotti já comandará o Brasil na próxima Data Fifa, nas partidas contra Equador e Paraguai.

Retirado do Globoesporte.com

Foto: CBF

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