Ronaldo condiciona compra do Cruzeiro a mudanças no acordo: “Sem garantias, é difícil continuar”

Gestor explica motivos que o levam a querer a propriedade das Tocas I e II e sugerir também a recuperação judicial ou extrajudicial da associação Cruzeiro Esporte Clube

O dia do Cruzeiro segue agitado nos bastidores. Na noite desta terça-feira, Ronaldo fez um pronunciamento sobre a situação que envolve a aquisição definitiva das ações da SAF do clube. O gestor não descarta a possibilidade de desistir do acordo, mas prioriza a tentativa de ajustes que foram repassados a integrantes do Conselho Deliberativo da associação cruzeirense nesta terça: possibilidade de Recuperação Judicial ou Extrajudicial e passagem de propriedade das Tocas I e II para a SAF.

Um dos problemas mais graves encontrados pela equipe de Ronaldo está na dívida tributária. Isso porque a transação tributária que a associação cruzeirense conseguiu com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) tem como uma das garantias de pagamento a Toquinha, CT da base. Caso as parcelas não sejam pagas pela associação, esse bem estará sujeito a execução.

Inicialmente, a SAF não assumiria esses débitos, por ser originário da associação. Entretanto, um rompimento do acordo tributário afetaria o futebol do clube, por causa de a Toquinha ter se tornado na garantia.

A proposta de Ronaldo é assumir quase R$ 200 milhões de dívidas tributárias, mas com a propriedade das Tocas I e II passando da associação para a SAF. O ex-atacante diz que é a única maneira segura de seguir com o acordo com o Cruzeiro.

– Essa nossa proposta para assumir essa dívida tributária, com essa pequena garantia, que são as duas Tocas para a SAF, de modo que a gente garante que não teríamos esse risco de penhora, de perder as duas Tocas, que são nossos locais de trabalho. A gente se responsabiliza por uma renegociação da dívida tributária, honra o pagamento, garante a propriedade da Toca I e, no final do pagamento, as Tocas passariam para a SAF.

“Com isso, eu posso garantir que o Cruzeiro não perde as Tocas e jamais vai ficar sem treinar. É a única maneira que temos de desenvolver com segurança esse grande ativo do nosso Cruzeiro, com garantia de que teremos o controle das Tocas”

A equipe de Ronaldo também considera necessária a abertura de um processo de Recuperação Judicial ou Extrajudicial, que também depende de aprovação do Conselho Deliberativo. Ambas são ferramentas usadas para recuperar empresas em situações falimentares, por meio de renegociação coletiva com credores de naturezas cível e trabalhista. O Cruzeiro optou por outro modelo, o Regime Centralizado de Execuções (RCE).
– No meu entendimento, a melhor saída e o melhor planejamento para adequar e cumprir com todas as dívidas, é uma recuperação Recuperação Extrajudicial ou Judicial. A gente pediu isso aos conselheiros do Cruzeiro, que tivessem aprovado em assembleia a possibilidade dessas duas opões para a gente começar a reconstruir, de fato, o Cruzeiro. A reconstrução passa por acertar com todas as dívidas.

Ronaldo explica que houve uma resistência inicial da associação em relação à mudança de propriedade dos centros de treinamentos, mas garante que a reunião terminou de forma positiva.

– A gente acabou a reunião com bom entendimento. Foi o que falei com eles: estamos cercados dos melhores profissionais do Brasil em reestruturação de dívidas. Temos as melhores pessoas nos aconselhando, embarcados nesse projeto, e essa realmente foi a melhor opção que encontramos. Temos certeza que é o melhor caminho para seguir evoluindo e cumprindo nossas responsabilidades.

“A gente tem que acelerar isso, porque se eu não tenho essas garantias, é muito difícil a gente continuar no processo e evoluir no projeto, porque até para a gente ter novos investidores, patrocínios, o mercado está esperando essa definição”

Promessa de não vender

Novamente em relação à propriedade das Tocas I e II, Ronaldo se compromete a não utilizar os espaços para ganho imobiliário. Ou seja, ele garante que não venderá as áreas em caso de valorização dos locais e diz que, caso isso aconteça, irá repassar parte do valor ganho à associação.

 Quero reafirmar publicamente que não é do nosso interesse – e não será do nosso interesse – usar qualquer uma das Tocas como investimento imobiliário. Ou seja, amanhã ou depois, se na região da Pampulha puder construir prédios, eu recebo proposta pela Toca I, eu me comprometo que não vou vender.

“Se houver possibilidade de venda, a gente participaria a associação no negócio. É uma garantia importante. Volto a afirmar que é do nosso interesse vender nenhuma das Tocas. A gente usa ela para o futebol, agora também nossa parte administrativa fica também na Toca II”

Ronaldo assinou a intenção de compra das ações da SAF do Cruzeiro no dia 18 de dezembro do ano passado, com previsão de que diligências internas no clube por 120 dias. Hoje, fazem 86 dias do início dos trabalhos da equipe do ex-atacante em Belo Horizonte.

Retirado do Globoesporte.com

Ronaldo acompanha jogo do Cruzeiro no Mineirão — Foto: Reprodução

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