Clube confirma chegada do lateral-direito, que assina por dois anos e meio e vestirá a camisa 7. Acordo foi fechado com ajuda financeira de Felipe Neto e Marcelo Adnet, alvinegros ilustres
É oficial: Rafael é jogador do Botafogo. O clube anunciou nesta quarta-feira, nas redes sociais, a contratação do lateral-direito, que realiza o “sonho de criança” ao defender o time do coração. O contrato entre as partes será até o fim de 2023.
Essa foi a narrativa explorada pela comunicação do clube para anunciar o reforço mais badalado de 2021: a identificação e as juras de amor do atleta, que estava no imaginário da torcida alvinegra há alguns anos.
– Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Quando eu era moleque, lá em Petrópolis, eu nem imaginava onde poderia chegar. E chegaram longe, irmão. Saí muito novo no Brasil e fui titular de um dos maiores clubes do mundo. Joguei em grandes da Europa, entrei em campo com muita gente braba. Realizei o sonho de vestir a amarelinha. Olha aí, mais um sonho. Mas ainda está faltando um, talvez o maior de todos. Agora, chegou a hora de fazer isso junto com vocês – disse o jogador ao canal oficial do clube.
Outro ponto muito valorizado foi o novo programa de sócio-torcedor, o Camisa 7. É de lá que a diretoria espera tirar parte da grana para bancar uma contratação com nível de Série A. Tanto que o clube tratou de badalar o programa antes mesmo do anúncio oficial, com as postagens de Rafael nas redes.
– Quando o clube falou que quem era camisa 7 jogava junto com o time, eles não estavam brincando. Chegou a hora de vestir a mais tradicional e colocar de vez a torcida dentro de campo. Seja você também um camisa 7 e vamos juntos tornar esse sonho realidade – completou Rafael nas primeiras palavras como jogador do Botafogo.
Com a papelada acertada, faltam a chegada ao Brasil e, principalmente, a estreia. Rafael ainda está na Turquia, onde jogou na última temporada europeia, curtiu o fim das férias e manteve a forma por conta própria. Ele é esperado até o fim dessa semana no Rio de Janeiro para fazer exames médicos e começar os trabalhos no novo clube.
Na última segunda-feira, dirigentes alvinegros fizeram uma videoconferência com representantes do jogador e deixaram o acerto bem encaminhado. Desde então, as duas partes acertaram detalhes para a assinatura. Para chegar ao valor de luvas pedido pelo atleta sem comprometer o orçamento, a diretoria alvinegra teve ajuda de torcedores ilustres, entre eles Felipe Neto e Marcelo Adnet. A entrada do clube no mercado de tokens também foi decisiva na modelagem financeira da negociação.
Antes mesmo da confirmação, o jogador já fazia festa nas redes. Rafael deu o sinal de que vestirá o número 7 e será o grande ativador do programa de sócio-torcedor alvinegro, batizado justamente de Camisa 7.
– Viu aquela camisa do Botafogo? Não estou achando em lugar nenhum, aquela camisa 7 que eu tinha – postou o lateral
A negociação começou na última semana. Na terça-feira, 31 de agosto, o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, recebeu de um influenciador a informação de que Rafael tinha proposta do Fluminense, mas que mantinha o sonho de jogar em General Severiano.
Durcesio, então, acionou o CEO Jorge Braga e o diretor de futebol Eduardo Freeland, além de fazer contato com o agente Matheus Braga, um dos representantes do jogador. As conversas começaram e, já na quarta-feira, Rafael se animou – publicando nas suas redes sociais que “o sonho de criança vai ser realizado”.
O lateral, que também recebeu sondagens de Fortaleza e Internacional, avisou que aceitava receber no Botafogo um salário bem menor do que o oferecido por outros clubes. Ainda assim, as dificuldades existiam. O CEO Jorge Braga, que desde o início do ano promove uma reestruturação profunda no clube, freou a animação inicial de Durcesio.
Argumentando que o clube não poderia repetir erros do passado – e gastar além de sua capacidade – Braga pediu um estudo ao diretor comercial do clube, Lenin Franco, para identificar os recursos que a chegada de Rafael poderia gerar ao programa Camisa 7 de sócio-torcedor e em produtos comerciais.
A primeira conversa informal foi animadora, mas depois começaram os ruídos. O Botafogo prometeu enviar uma proposta até quinta-feira. Na Turquia, onde jogou a última temporada pelo Istambul Basaksehir, Rafael se angustiava e era pressionado pelos clubes concorrentes. Na madrugada de sexta-feira, o Botafogo enviou uma proposta por escrito – que chegava aos salários pedidos pelo lateral, mas não chegava à metade nas luvas.
Rafael baixou novamente sua pedida e deu ao Botafogo prazo até sábado para responder. Na diretoria, houve nova correria para viabilizar a diferença. Jorge Braga repetia que o clube tinha que trabalhar racionalmente, sem gastar além de suas possibilidades. Mas alguns de seus auxiliares trouxeram um argumento: em 2022, caso volte à Série A, o clube provavelmente teria que contratar atletas por valores próximos aos pedidos por Rafael.
No fim de sábado, o presidente enviou mensagem a Rafael, pedindo prazo até terça-feira. O lateral respondeu que esperaria até domingo. O presidente passou o chapéu. O empresário e youtuber Felipe Neto emprestou R$ 250 mil e se empenhou pessoalmente em arrumar recursos. O humorista Marcelo Adnet também compareceu. Com a colaboração de alguns outros botafoguenses, o clube conseguiu assegurar o montante necessário e Jorge Braga deu sinal verde para a negociação.
Rafael foi revelado pelo Fluminense ao lado do irmão gêmeo, Fábio, que atua na lateral esquerda. Negociados com o Manchester United quando ainda eram adolescentes, eles se transferiram assim que fizeram 18 anos, em 2008.
Rafael teve vida mais longa que o irmão no United, onde chegou a ser titular e permaneceu até 2015. De lá foi para o Lyon, clube que defendeu por cinco anos. Na última temporada, estava no Istambul Basaksehir, da Turquia. Ele atuou em 28 partidas, sendo 25 como titular e não marcou gols nem deu assistências. A última vez que entrou em campo foi no empate com o Sivasspor em 0 a 0, em 30 de maio.
Rafael, novo reforço do Botafogo — Foto: Divulgação