Uma final que parecia ter o roteiro desenhado para o bicampeonato do Flamengo. O mesmo adversário de 38 anos atrás, o mesmo uniforme branco… Porém, desta vez em Doha, no Estádio Internacional Khalifa, o Liverpool foi quem viveu o final feliz. Na prorrogação, os Reds fizeram 1 a 0, com Roberto Firmino e depois de ter sido envolvido em parte do jogo, e ficaram com o primeiro título do Mundial e Clubes de sua história.
CHANCES PERDIDAS
Van Dijk se recuperou a tempo. Entrou como titular, assim como o poderoso trio de ataque, formado por Mané, Salah e Roberto Firmino. Ou seja: uma decisão com os melhores ingredientes possíveis. O sabor, ainda nos primeiros minutos, dava a impressão de que seria amargo para o Flamengo.
Com 30 segundos, Firmino recebeu uma bola longa, na diagonal, e ficou frente a frente com Diego Alves: a bola subiu. Aliás, este destino dela foi o mesmo em uma chance de Keita, também dentro da área e com liberdade, na sequência.
INGLESES NA RODA
Os sustos iniciais fizeram com que os cerca de 15 mil rubro-negros no estádio ficassem apreensivos. Um silêncio de alguns minutos. Tensão no ar, leveza para os ingleses, que encontravam espaços nas invertidas. Porém, a partir dos 20 minutos da etapa inicial, o cenário mudou.
Primeiro, o Flamengo encaixou a marcação na última linha – Rodrigo Caio, por exemplo, desarmou com maestria em quatro oportunidades – e saiu de trás, ora com a bola de pé em pé, ora com lançamentos para Bruno Henrique e Gabigol. O time de Jorge Jesus incomodou e, já com mais posse de bola ao ir para intervalo, frequentou a área do Liverpool, porém não arrematou.
Aliás, faltou arriscar de fora quando viu clarões.
O segundo tempo chegou. A dúvida maior era em relação à postura dos ingleses, em débito com a enorme quantidade de fans no estádio. E eles deram a resposta. Retornaram mais intensos, forçando erros dos brasileiros. Firmino voltou a se descolar da zaga, de novo no primeiro minuto, mas parou na trave. Outro incrível perdida pelo brasileiro.
Por sua vez, o Flamengo não ficou acuado. Seguiu com a estratégia de ter a bola e trabalhá-la para ganhar terreno. E foi ainda antes dos dez minutos que Gabigol, de direita e distante de Van Dijk, obrigou Alisson a salvar com a ponta dos dedos. Um reinício ligado no 220v
‘SALAH!, SALAH!, SALAH!’
Salah foi uma atração à parte neste Mundial. O camisa 11 é idolatrado pelos árabes locais e, assim como ocorreu nas semifinais, houve um tremendo frisson a cada vez que pegava na bola.
Além disso, gritos com seu nome marcaram a decisão, onde a estratégia inicial de Klopp, de explorar a sua velocidade e a de Mané, passou longe de dá-lo domínio das ações e oportunidades em profusão.
CHEGOU
A reta final teve a voltagem suavizada consideravelmente. Mais desgastados, os times esboçavam entrar em rota de cautela. Ambas as estratégias pareciam anuladas. Jesus, incomodado, optou pela entradas de Vitinho e Diego, nos lugares de Arrascaeta e Everton. Tentativa de gás novo e exploração de Vitinho pelo corredor esquerdo. Não surtiu efeito. Pelo contrário, o time caiu de rendimento, pois o camisa 27, antes a principal arma, foi anulado por dentro.
UM VAR PARA CARDÍACO
O Liverpool se aproveitou da queda de rendimento do Flamengo. Chegou com perigo duas vezes antes da prorrogação: na primeira, de fora com Henderson, obrigou Diego Alves a realizar a primeiro grande defesa do duelo. Na segunda, um VAR que já está na história.
Nos acréscimos, Mané recebeu em profundidade, e Rafinha tocou a bola. O juiz marcou pênalti, de cara. Depois, foi conferir o VAR e deixou o coração na boca da Nação. Após intermináveis dois minutos, optou por anular a marcação e retirar o cartão amarelo para Rafinha. Ânimo renovado para a prorrogação.
DEU BRASILEIRO FELIZ: FIRMINO
O 0 a 0 passava bem longe de refletir o bom nível da partida. E a prorrogação reservou bola na rede. Veio de um brasileiro, mas do representante europeu: Roberto Firmino recebeu de Mané, que, antes, contou com a categoria do ótimo Henderson, e congelou. Sim, pois a sua frieza foi determinante para driblar Diego e abrir o marcador. Na comemoração, tirou a camisa e mostrou que um bom atacante tarda, mas não falha.
PERNA PESOU E QUEDA DE PÉ
No segundo tempo da prorrogação, as pernas do Flamengo pesaram. A equipe de Jesus, que perdeu o ímpeto após as substituições, sucumbiu à desgastante temporada, que se encerra com 74 partidas, um número que surpreendeu Klopp na última entrevista coletiva.
O gás acabou, Lincoln ainda isolou uma boa chance, mas o Rubro-Negro caiu de pé, fechando 2019 sem ter a imagem manchada. Longe disso, e os aplausos dos flamenguistas depois do apito final sinalizam o orgulho pelos feitos.
FICHA TÉCNICA
LIVERPOOL 1X0 FLAMENGO
Estádio: Internacional Khalifa, em Doha (QAT)
Data: 21 de dezembro de 2019, às 14h30 (de Brasília)
Árbitro: Abdulrahman Al Jassim (QAT) – Nota LANCE!: 7,0 – A decisão por revisar o pênalti dado ao Liverpool, nos acréscimos da etapa regulamentar, foi acertada. Teve o controle da partida.
Assistentes: Taleb Al Marri (QAT) e Saoud Almaqaleh (QAT)
VAR: Juan Martínez Munuera (ESP)
Gramado: Excelente
Público/Renda: 45.516 torcedores / Renda não divulgada.
Cartão amarelo: Milner, Mane, Salah e Roberto Firmino (LIV); Vitinho e Diego (FLA)
Cartão vermelho: Não houve.
Gols: Roberto Firmino (1-0, 9’/1ºP)
LIVERPOOL: Alisson, Alexander-Arnold, Joe Gomez, van Dijk, Robertson, Henderson, Keita (Milner, 10’/1ºP), Oxlade-Chamberlain (Lallana, 30’/2ºT), Mane, Firmino (Origi, 1/2ºP) e Salah (Shaqiri, 16’/2ºP) – Técnico: Jurgen Klopp.
FLAMENGO: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão (Berrío, 15’/2ºP), Gerson (Lincoln, 11’/1ºP), Everton Ribeiro (Diego, 37’/2ºT) e Arrascaeta (Vitinho, 31’/2ºT); Bruno Henrique e Gabigol – Técnico: Jorge Jesus.
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