A partida entre Aparecidense e Ponte Preta está anulada. Em julgamento realizado na noite desta sexta-feira, na sede da OAB em Fortaleza, os auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aceitaram o recurso do departamento jurídico da Macaca e cancelaram o resultado o jogo válido pela primeira fase da Copa do Brasil.
O clube campineiro reclamou de interferência externa na partida do dia 12 de fevereiro, em Aparecida de Goiânia. O time da casa venceu por 1 a 0, gol de Uederson, mas a Ponte chegou a empatar no fim do segundo tempo com Hugo Cabral. O lance foi anulado pela arbitragem depois de um tumulto no centro do gramado.
Para tomar a decisão, os auditores do STJD ouviram depoimentos do árbitro Léo Simão Holanda e também dos auxiliares Samuel Oliveira da Costa, responsável pela jogada, e Eleutério Felipe Marques Junior, além das defesas dos advogados que representavam os dois clubes.
A votação chegou a estar 4 a 0 para a impugnação do recurso da Ponte e, portanto, para a manutenção do resultado, mas os quatro votos finais foram favoráveis à Macaca. Como o voto do presidente Paulo César Salomão tem peso dobrado, decidiu-se pela anulação do jogo, que agora será remarcado no calendário da CBF.
– Prevaleceu a verdade dos fatos e por isso estamos muito felizes. Agora é ter todo o empenho para vencermos em campo – disse o presidente da Ponte, José Armando Abdalla Júnior, que foi pessoalmente ao julgamento na capital cearense.
– Estava 4 a 0 para indeferir nosso pedido, mas o voto do presidente da turma tem peso dois, por isso nossa solicitação foi atendida e o jogo anulado. O presidente da turma inclusive destacou que, na opinião dele, o bandeirinha do jogo mentiu para os auditores durante seu depoimento aqui em Fortaleza – completou o advogado da Macaca, João Felipe Artioli.
O Aparecidense se posicionou nas redes sociais. Em postagem na conta oficial do Twitter, o clube goiano criticou a anulação do resultado ao usar termos como “tapetão”, “imoral” e “não é futebol” (veja abaixo o texto).
– O Rei Davi diante de Golias, enquanto todos olhavam para o gigante e pensavam “é muito grande não tem como vencê-lo”, Davi olhou e pensou “é muito grande, não tem como errar”. Contra tudo e contra todos, vamos vencer novamente! – escreveu o clube.
Em contato com a reportagem por telefone, o diretor de futebol do Aparecidense, João Rodrigues, comentou a decisão do STJD e disse que o clube entrará com recurso para reverter a situação
– Vamos buscar nossos direitos. O que for preciso, nós vamos fazer. Os advogados devem entrar com recurso amanhã (sábado) mesmo. O que estiver dentro da lei, vamos fazer – afirmou.
Relembre o caso
A polêmica começou quando Hugo Cabral, em posição ilegal, aproveitou rebote e empurrou para as redes. O auxiliar Samuel Oliveira da Costa (CE), responsável pela jogada, não levantou a bandeira, e o árbitro Leo Simão Holanda (CE) validou o gol. A partir daí, os jogadores da Aparecidense começaram a pressionar a arbitragem, e a partida ficou paralisada por quase 16 minutos.
Durante esse tempo, diversas pessoas que não estão autorizadas entraram em campo e conversaram com a arbitragem. A Ponte alega que o delegado Adalberto Grecco, que é de Goiás, passou alguma informação ao auxiliar Samuel Oliveira da Costa, quando os dois têm um rápido contato à beira do campo.
Sete minutos depois do gol, a arbitragem voltou atrás e decidiu anular o lance, marcando impedimento de Hugo Cabral. No dia seguinte, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Coronel Marcos Marinho, anunciou a suspensão do trio por erros técnicos e de procedimento.
Na sequência, a Procuradoria-Geral do STJD abriu, por iniciativa própria, um procedimento preliminar para investigar a conduta da arbitragem. Depois foi a vez de o departamento jurídico da Ponte, na sexta-feira, protocolar o pedido de impugnação da partida.
Ao receber a denúncia, o presidente do STJD, Paulo César Salomão Filho, determinou que o resultado do jogo fosse suspenso até a decisão final, deixando a classificação da Aparecidense sub judice.
Pela necessidade do caso, já que o duelo da Aparecidense com o Bragantino-PA, pela segunda fase da Copa do Brasil, estava previsto para 27 de fevereiro, Salomão também incluiu o caso na pauta de sexta-feira.