De todo poderoso na CBF a banido: a trajetória de Del Nero no futebol

O Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta sexta-feira que Marco Polo Del Nero está banido de qualquer atividade relacionada ao futebol pelo resto da vida. Em nota oficial, a entidade informa que o presidente da CBF foi afastado da modalidade pela investigação que o considerou culpado de violar o artigo 15 (Lealdade), artigo 19 (Conflito de Interesses), o artigo 20 (Oferecer e aceitar presentes e benefícios) e artigo 21 (Suborno e Corrupção).

A história de Del Nero no futebol é antiga e começou logo em sua infância. Seu pai, José Del Nero, era jogador profissional e fez sucesso como meia-campista do Palmeiras, se consagrando pentacampeão paulista pelo Alviverde nos anos 1930 e 1940. E foi o mesmo clube que marcou o início da carreira de Marco Polo no futebol nacional. Nomeado como diretor da Comissão de Sindicância do Verdão, o ex-presidente da CBF também exerceu outras funções, como a de diretor de futebol e secretário do Conselho de Orientação, diretor jurídico e Fiscalizador do Palmeiras, até se tornar conselheiro vitalício.

Del Nero passou a integrar o Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol em 1985 e foi vice-presidente na gestão de Eduardo Farah, que esteve no poder de 1988 a 2003. Logo após Farah deixar o cargo, Marco Polo foi eleito o novo presidente da Federação Paulista, em 2003, e reeleito em 2010, permanecendo até 2014.

Inúmeras polêmicas marcaram a longa gestão do cartola. Em 1990, Del Nero lançou um Manual da Federação onde o São Paulo figurava como rebaixado na edição daquele ano do Campeonato Paulista. Fato que acabou revoltando os tricolores e fez o clube romper com a Federação por um período.

Outro caso polêmico aconteceu em 2009, também envolvendo Del Nero com o Tricolor, em que ele acabou suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva por 90 dias. O dirigente acusou o árbitro Wagner Tardelli de receber ingressos para show da cantora Madonna, que aconteceria no Morumbi, e de acordo com ele, os bilhetes teriam sido entregues por uma secretária do São Paulo dias antes da última rodada do Campeonato Brasileiro de 2008, no duelo entre São Paulo e Goiás, partida que acabou garantindo o título da equipe paulista. Atitude que impediria Tardelli de apitar a partida. O juiz chegou a ser afastado, mas logo comprovou sua inocência, o que acabou desmoralizando Del Nero, que logo entraria com recurso e seria absolvido, retomando o cargo sem qualquer problema.

Antes disso, já havia sido indicado para ser o chefe da delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, e atuado como vice de José Maria Marin, momento em que foi ganhando força dentro da entidade máxima do futebol brasileiro e logo foi apontado como substituto de Marin. Assim, o cartola assumiu o cargo mais alto da CBF em 16 de abril de 2015.

Entretanto, logo que assumiu o posto de forma oficial, Del Nero viu o escândalo envolvendo a Fifa explodir. Em maio de 2015, a operação Fifagate derrubou diversos dirigentes renomados, que foram presos em um hotel de luxo na Suíça. José Maria Marin estava entre os condenados.

Marin estava sob prisão domiciliar em seu apartamento em Nova York, mas hoje está cumprindo sua pena em uma penitenciária. O cartola foi acusado de fazer parte de esquemas de propinas, recebendo contratos para companhias de mídia e marketing envolvidas com direitos de torneios como a Copa do Brasil, Copa Libertadores e também a Copa América.

Ex-executivos das empresas que tinham direito de competições, Torneos e Traffic, acusaram Del Nero de receber subornos por contratos. A acusação é de que o dirigente ganhou US$ 6,5 milhões em propinas por acordos de torneios como a Copa América e Libertadores. O cartola sempre negou as acusações que foram confirmadas pelo comitê da Fifa.

Ato este que fez Marco Polo também ser aguardado pela Justiça norte-americana e desde então não pode deixar o território brasileiro, nem mesmo para viagens da Seleção Brasileira ou eventos da Fifa, já que pode ser preso caso saia do país. Com isso, a Fifa baniu o dirigente de todas as atividades relacionadas ao futebol em 15 de dezembro de 2017, por meio do Comitê de Ética da entidade.

Além do banimento publicado em nota oficial pela Fifa nesta sexta-feira, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol foi multado em 1 milhão de francos suíços (R$ 3,51 milhões). E a maior entidade do futebol nacional já teve eleito um novo sucessor, que só assume em abril de 2019, o ex-diretor Executivo de Gestão da CBF, Rogério Caboclo. Por enquanto, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, é o presidente da CBF.

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