Mudou tudo: Liminar cai e final da Taça GB terá torcidas de Fla e Flu

Estádio Nilton Santos vai receber a decisão da Taça GB (Reprodução)

Foi um dia de idas e vindas para o futebol carioca. O desfecho, aos trancos e barrancos, foi aquele que os clubes e a Ferj mais queriam: a final da Taça Guanabara, entre Fluminense e Flamengo, será com torcida mista, no Nilton Santos.

Até chegar a esse ponto, com a garantia de presença de tricolores e rubro-negros no Engenhão, domingo, às 16h, muita coisa aconteceu durante a sexta-feira.

O fator principal para a confirmação da presença de ambas as torcidas foi a queda da liminar que determinava torcida única. A decisão favorável ao recurso de Fla e Flu, da Ferj e da Procuradoria-Geral do Rio de Janeiro foi proferida pelo desembargador Gilberto Clóvis Farias Matos.

Mas enquanto o despacho não saia, houve até um pedido dos clubes, aceito pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio (TJD-RJ), permitindo que a final da Taça Guanabara fosse com portões fechados, caso fosse de interesse dos clubes.

Só que o apelo junto ao desembargador deu certo. Foi uma verdadeira maratona dos advogados das partes, que entraram com recurso ainda no plantão judicial na noite de quinta-feira.

O principal argumento dos clubes e da Ferj foi o perigo que significaria realizar a partida com torcida única, já que os flamenguistas, via redes sociais, já estavam se articulando para adquirir ingressos dos tricolores e, além disso, ir ao entorno do Engenhão para apoiar o time.

A tática deu certo e, quase aos 45 minutos do segundo tempo, a final vai acontecer tendo as arquibancadas pintadas com as cores dos dois lados da decisão.

MARATONA DESDE A MADRUGADA

Até o alívio pela definição do desembargador pela queda de liminar, os advogados dos clubes e da Ferj viveram uma saga, que começou ainda na noite de quinta-feira. Foi por volta das 23h, já no plantão judiciário, que o recurso foi impetrado. A expectativa era que o desembargador escalado pudesse apreciar ainda na madrugada o pleito das partes. No entanto, não havia desembargador presente, o que chegou a indignar o procurador da Ferj, Sandro Trindade.

Quando amanheceu, o mesmo Sandro fez uma retratação ao desembargador André Emílio Ribeiro Von Melentovytch ao tomar ciência de que o processo tinha chegado às mãos dele durante a madrugada. Só que de nada adiantou a reunião que os advogados tiveram com o desembargador do plantão, já que ele se declarou impedido para julgar o caso por ser associado ao Flamengo.

Foi então que o caso foi redistribuído para a 15ª Câmara Cível e caiu “no colo” do desembargador Gilberto Clóvis Farias Matos. Depois mais uma rodada de reuniões argumentativas, veio a decisão que as partes queriam: adeus liminar da torcida única.

TJD DEIXOU ARTIFÍCIO ENCAMINHADO

Apesar de os clubes terem pedido e conseguido a autorização do TJD para disputarem a final com portões fechados, realidade que chegou a prevalecer durante boa parte da tarde desta sexta-feira, o despacho do presidente do tribunal, Marcelo Jucá, foi feito de uma forma que deixou preparada a situação para engatilhar a torcida mista se a liminar caísse.

O texto de Jucá, após dizer que “a solução para realização da partida final da Taça Guanabara de portões fechados é absolutamente equivocada e não atinge o cerne do problema”, deixou a cargo dos clubes, caso fosse “o interesse dos requerentes” a decisão de contar com torcida ou não.

Foi a primeira vez que algum clube solicitou que uma partida própria fosse disputada com portões fechados.

DECISÃO PERMITE VENDA DE INGRESSO FORA DO PRAZO

Diante da inicial incerteza sobre o jogo e como o Fluminense se arriscou, ignorando o Estatuto do Torcedor, e não colocou os ingressos à venda com o prazo de 72h, o desembargador que derrubou a torcida única ainda deu aval para a comercialização das entradas, sem que haja qualquer ameaça de punição ao Tricolor.

Gilberto Clóvis Farias Matos escreveu: “Deve-se ter em mente a excepcionalidade do caso, pois a matéria se encontrava sub júdice. Impõe do julgador especial cautela, pelo que deve ser autorizada a venda dos ingressos, independentemente do cumprimento do prazo de 72h previsto no Estatuto, sob pena de inviabilizar o próprio espetáculo, o qual se reveste de especial relevância, uma vez que se trata da final da Taça Guanabara”.

A alternativa dada pela Ferj tinha sido vender só os ingressos da parte do Engenhão que já seria usada pelos torcedores do Fluminense, mas nem isso aconteceu, diante da preocupação de que torcedores do Flamengo comprassem as entradas de forma indevida.

Lancenet

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